Todo fim de tarde

Invariavelmente, no final da tarde, sentávamos, a Lu e eu, e chorávamos. Copiosamente.

O Gianluca havia nascido há poucos dias. Ainda no hospital, felizes, iluminados com o milagre ali concretizado, chorávamos.

Incrédulos com o alcance da alegria, anestesiados com o vínculo que unia nossos três corações num só, chorávamos.

Aliviados por ter mantido nosso rebento vivo mais um dia, chorávamos.

Orgulhosos de ter o bebê mais fofo de todo o mundo, no fim da tarde, sentados no sofá do quarto da maternidade, abraçados, chorávamos.

Agradecidos por ter encontrado um ao outro, por ter experimentado uma gravidez serena, nos olhávamos, olhos verdes profundos da Lu, e chorávamos.

Temerosos pelo porvir, recebíamos o olhar singelo de um bebê de 2 dias e soluçávamos.

Curvados sobre o berço que acomodava carinhosamente o nosso bebê amado, agradecíamos o milagre da vida cravado em nossas almas para sempre.

E sorríamos. Todo fim de tarde.

 

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