Ao lado do caixão de sua mãe, meu amigo de infância desabava. Assim que o abracei, sussurou ao pé do meu ouvido: “só queria que ela tivesse tido orgulho de mim”.

A morte levara a última chance deste filho se sentir amado por sua mãe.

Aumentei a pressão do abraço fraterno, porque ele não acreditou quando eu ousei dizer “ela sempre se orgulou de ti, cara!”.

Não era verdade. Ao menos ele não sentia desta forma.

Filhos esperneiam, brigam, batem de frente, mas a verdade é arrebatadora: filhos querem visceralmente a aprovação de seus pais.

Para alguns, basta um singelo olhar de aprovação. Um único sorriso de contentamento. Ou, no mínimo, que cessem as críticas.

Meu amigo, o conheço desde sempre. Uma vida esperando receber um aval que nunca chegou. Um bom filho, bom marido, bom pai. Mas só ouviu críticas e cobranças de seus pais. “Estamos te educando para ser forte”, dizia a mãe agora sem tempo para acrescentar um afeto a essa frase.

Filhos não querem escutar “seu irmão sempre fez sem esperar elogios” ou “não fez mais do que a sua obrigação.”

Você, meu amigo e eu queremos a certeza de sermos aceitos e amados.

De uma forma geral, esperamos isso de todos, mas os únicos que nos sufocam ao não deixarem evidente este amor são nossos pais.

E hoje, você e eu somos pais. Que tal?

Acredito que o amor se constrói. Tudo bem se seu filho nasceu há pouco e você ainda não está de quatro por ele. Mas esse amor virá, é uma certeza.

O desafio que proponho é: deixe muito claro para seu filho o quanto ele representa amor na sua vida. Corrija seu filho. Isto é educar. Dá trabalho. Mas demonstrar amor e admiração não custa nada e, de quebra, ainda ajuda na formação do caráter e na saúde mental do seu filho.

Se você já tem orgulho do seu rebento, tenha ele 7 meses ou 37 anos, declare-se. Não vejo razão alguma para esconder a verdade de alguém fundamental na sua vida.

Para mim, o único jeito de criar homens e mulheres “fortes” é deixando transparecer sua admiração por eles. Não hesite. Se você não recebeu a aprovação tão desejada, isso não deveria ser motivo para sua omissão.

Vire o jogo. Dê agora a seu filho aquilo que você tanto precisou.

Texto: @pai_mala