Hoje, contrariando a fortaleza que ergo eventualmente, desabei no meio da sala. Entre o videogame e o sofá.
Fui amparado pelo abraço apertado dos meus guris. Entenderam que era hora de inverter os papeis e acolher aquele choro que brotou em mim com a força de mil javalis.
Ante o olhar curiosamente assustado do caçula e a preocupação carinhosa do adolescente, pude escoar a tristeza que me atacava. Um abraço que ganhou uma cor especial porque aumentava sua pressão na medida em que meus filhotes entendiam que eram eles a usina de força daquele momento.
Puros e transparentes como água de nascente, cabelos molhados com minhas lágrimas, tiraram do chão com seus silêncios serenos, um homem de quase dois metros de altura, turvo e cansado. Força danada que os filhos têm de nos salvar com amor e sensibilidade.
Pouco foi dito, apenas que estava tudo bem, não se preocupassem, só entendessem, papai só precisava daqueles abraços.
Porque um pai chora. A qualquer tempo. Quando precisa por pra fora algo que não cabe mais em si. Digo sempre: nossos filhos são muito mais capazes do que imaginamos.
Hoje, me tiraram de um momento difícil, coração partido. Deixaram claro que conto com eles além do papel que lhes cabe.
Não abusarei, fiquem tranquilos. Mas saber que nos temos nestes momentos, nos fez um só. O afeto sempre encontra morada por essas bandas, só não imaginava que, dessa vez, a fonte principal seriam eles.
Lindões, muito obrigado. De coração.