Eu acreditei que não era capaz

Lucas era o garoto popular de uma escola com poucos garotos populares. Fazia comerciais de TV, cabelos loiros meticulosamente descabelados, sempre com uniforme impecável. Na aula de educação física, ninguém podia ser melhor do que ele. Então, 10 ou 11 anos de idade, corríamos todos em volta de um campo de futebol, numa ensolarada manhã, quando ousei ultrapassar o garoto propaganda com folga e pouco esforço. O que escutei? “Ah não, pra ti eu não perco”. E puxando um último fôlego que quase fez seu cabelo se despentear, o garoto popular me passou. Nunca contei essa história a ninguém e muito menos comentei que, ao ter sido colocado no meu devido lugar, automaticamente desacelerei para ele me ultrapassar porque achei justa a observação daquele fedelho que, aliás, nunca mais apareceu na TV.

O texto de hoje é sobre a minha atitude e sobre a dele.

Prestem bem atenção: eu não só acreditei na prepotência dele, como diminui a marcha para demonstrar uma certa obediência. Não só dei razão a ele, como demonstrei que efetivamente não devia ter a petulância de acreditar que poderia ter vencido. “Você não é capaz” foi a mensagem dele, e eu entendi (e aceitei) perfeitamente.

Sobre isso, quero que todos vocês parem e reflitam. Alguém me olhou, me julgou e determinou: você não é capaz de ser melhor do que eu. E eu aceitei.

Na opinião dele, eu não poderia ser muita coisa na vida, certo? Pois eu digo, e você já sabe, não devemos nunca acreditar em quem nos corta possibilidades com palavras e gestos.

E quando você tem o “poder” de definir a capacidade do outro? Como você se comporta?

Agora que estou do lado de cá, eu sei o mal que podemos fazer a um filho quando um pai determina, voz grave, tu é um merda. Cada vez que isso acontece, você está dizendo para seu filho: “você não é capaz”.

No dia a dia, um pai ou uma mãe podem dar pequenas (ou grandes) mensagens das incapacidades dos filhos. Podem usar suas frustrações e derramar maldosamente sobre serezinhos de 1, 2, 3 anos um veneno que vai limitar os sonhos e o afeto dos seus pequenos.

Lembrem-se: dentro do coração de um filho se plantam apenas esperanças e encorajamentos. Eles podem tudo. Eu acredito e vocês também deveriam.

Este é o grande aprendizado: nunca imponha esse limite a alguém que você tanto ama.

Hoje, 30 anos depois, se encontrasse o garoto propaganda, seguiria o ritmo da minha corrida e de quebra esfregaria na cara do garoto popular meus 2 maravilhosos filhos, resumo grandioso de tudo de bom que fui capaz de gerar, apesar de naquele momento eu ter acreditado que não era capaz de nada.

Ainda existem muitos Lucas por ai. Fazendo bullying em coleguinhas ou então, como pais, castigando moralmente seus próprios filhos. Cruel. Estão perdendo a oportunidade de fazer a diferença na vida do ser humano mais importante das suas vidas.

Temos acesso direto, gigante, honesto ao coração dos nossos filhos, usemos esta benção para o bem, senhores pais.

Um comentário em “Eu acreditei que não era capaz

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