Atenção, quem consegue fazer 4 coisas ao mesmo tempo, levanta a mão!
Ahá! Sabia que ia pegar muitos… Quase levantei a mão também. Mas a multitarefa não me pega mais!
Sério, não me pega. Vou contar um segredo: você pode jurar de pé junto, mas a verdade é que não dá. Não se faz 4 coisas ao mesmo tempo. Ou, melhor dizendo, não se deveria fazer.
Toda essa cisma com a multitarefa começou quando me dei conta que ninguém mais quer usar a expressão “no meu tempo” porque ninguém quer deixar de ser do agora. E usar “no meu tempo” virou frase de velho, coisa que ninguém mais é, evidentemente.
Somos todos apenas do agora. E não basta ser UM agora. Eis o pulo do gato: as pessoas querem estar ao mesmo tempo em VÁRIOS agoras.
E sabe o que acontece quando estamos nesses vários agoras simultâneos? Isso mesmo, não estamos de verdade em lugar algum.
Nos dedicamos a várias atividades simultaneamente em nome da multitarefa, assim garantimos nosso status de contemporâneos e conectados. E está tudo lindo. Aham. Sei. Por isso o Rivotril, tarja preta para baixar a bola do povo, é dos remédios mais vendidos no Brasil, porque estamos no modo multitarefa super numa boa.
Me engana que eu gosto.
Aí vem você, super conectado, me dizer que passou uma hora brincando com seu filho, que amor, super dedicado. Quase te comprei, mas quando fiz uma pesquisa de mercado com o público-alvo, teu filho, ele me contou que não foi bem assim: mamãe/papai passou quase o tempo todo no celular!
Sim, em nome da multitarefa.
Costumo usar como confirmação “científica” da minha crença, o número assustador de mortes no trânsito de pessoas que estavam ao celular. Ué, não era multitarefa? Não conseguia fazer tudo ao mesmo tempo? Aí foi digitar “eae, blz” e morreu. Prova irrefutável.
Soube esta semana (por meio de uma campanha do Vida Urgente, #umavidaem25segundos, vale a pena acessar e até colaborar) que uma pessoa morre a cada 25 segundos no mundo por causa do trânsito. Sério, tem muito acidente, mas tem muita multitarefa nesse índice, não é?
É fácil evitar a multitarefa atualmente? Faço sempre o que estou pregando? Não e não.
Mas quando consigo estar presente, em um agora, na situação que está a minha frente, sem pensar na reunião de ontem ou na festa de amanhã, me sinto um vencedor que exerce plenamente seu papel com foco, objetividade e presença.
Parece pouco? Talvez, mas foi a forma que encontrei para não precisar parar o mundo a cada absurdo com o qual topo por ai. Essa presença em um agora de cada vez me trouxe serenidade que, multiplicada aos milhares, poderia sim fazer deste um mundo melhor.
Exerça essa presença total sempre que possível. No trabalho, no banho, na rede, com seus amores e com seus amigos, experimente um sabor de cada vez e descubra a sutileza em cada mordida.
Imagine o brilho no olhar do seu filho quando você tira o foco do celular e olha no coração dele.
Pleno, inteiro, assim deveria ser o nosso agora, macio e intenso como quando pisamos na grama molhada. Um agora de cada vez, essa é a minha nova bandeira.
Ufa, agora vai, volta para a multitarefa!
Olha menino, tenho 78 anos e ainda não aprendi, aliás sou aquela que não quer perder tempo, que penso, já está acabando, mas confesso que tenho pensado nisto. Ano que que vem me aposento, se Deus quiser. Então largo a costura, para de vender avon. Fico só com a Natura e pretendo fazer um trabalho voluntário, ainda tenho filho em casa e marido pra cuidar. Mas prometo pra mim que vou deixar de ser multi tarefa, apesar de assim ser uma pessoa feliz que ainda não precisou de rivortil. ( é assim que se escreve?)
Grata pelo aviso. abraço.
Que honra uma leitora dessas! Gerci, para toda regra há uma exceção, a senhora sabe melhor do que eu! Esse caso de multitarefa que dá certo tem que ser valorizado, mas se for dar uma desacelerada, só não deixa de seguir o Pai Mala, ok? Obrigado pelo carinho, abraço
Pretty nice post. Thank you so much!