Quem nunca errou que atire a primeira pedra

Ter um blog em que falo de paternidade e dos afetos que envolvem essa maravilhosa relação entre eu e meus filhos pode passar a ideia de que sou um pai perfeito.

Ora, senhores e senhoras, pai perfeito é como mãe perfeita, filho perfeito, sogra perfeita e por aí vai: não existem. Pura figura de ficção, não se enganem.

Todos temos nossas falhas e o que diferencia bons pais da média, além da modéstia, é a vontade de acertar e a persistência em encontrar o melhor caminho para a educação dos nossos filhotes.

Neste percurso, ao nascer nosso segundo filho, empaquei numa grande barreira: a de manter a calma e conseguir aplicar tudo aquilo que sabia ser o ideal, todas as técnicas equilibradas que aprendi nos livros do Luiz Lobo e da Rosely Sayão e nos mais de 7 anos de prática bem sucedida com nosso primeiro filho.

Foi quando todas nossas teorias voltaram para dentro dos livros já lidos e acabamos sem saber como agir. As mesmas técnicas utilizadas com o primogênito não faziam cócegas no novo bebê da casa. As abordagens ponderadas e cheias de serenidade eram interrompidas com gritos de fúria. A vida havia nos dado o bebê mais meigo e afetuoso da face da terra que era ao mesmo tempo o mais furioso. E foi assim, sem saber como lidar, que eu passei a errar sistematicamente. Bati boca com bebê de 2 anos, cheguei a dizer que ia embora de casa. Sim, na frente dele, tipo birra, acreditam? “Se tu não parar o papai vai acabar cansando e vai dormir num hotel!!” E falei brabo mesmo, me levando super a sério. E ele tinha 2 anos. E eu, 40.

O que mais me assustava é que eu nunca havia agido assim. Nem eu me reconhecia. Onde, afinal, estava aquele pai amoroso que nunca ia dormir sem antes fazer as pazes? E que só brigava de mentirinha porque no fundo tinha era vontade de rir das bagunças dos filhos? Pelo amor de Deus, onde trancafiei o pai que se emocionava a cada degrau de evolução dos filhotes?

A grande verdade

Quando somos pais pela segunda vez, demoramos para perceber a grande verdade: sim, cada filho é de um jeito, cada filho é uma pessoa, um saber, um amor, um afeto, uma demanda. E nós, que acreditamos sermos o mesmo pai, temos de fazer brotar um novo. O pai do segundo filho. O pai que precisa se reinventar para atender novas necessidades a partir dos mesmos ingredientes.

Foi assim que nasceu esse Blog. Da necessidade de me reinventar buscando a minha essência que estava adormecida pelo excesso de trabalho e anestesiada pela responsabilidade do cotidiano com dois filhos. Quando parei para escrever sobre a felicidade e a plenitude que a paternidade me trouxe, pude reavaliar minhas ações e voltar a um tempo em que a serenidade reinava, mesmo imperfeita, aqui em casa.

É claro que o percurso é o que vale. A felicidade é o caminho. Isso todos sabemos ou já lemos em algum livro de auto ajuda. Mas às vezes só o óbvio salva: repensar o meu papel nessa família e com esses 2 guris especiais foi fundamental para colocar o trem da paternidade nos trilhos de novo. Reencontramos o tom certo e hoje dificilmente firo a sensibilidade extrema do meu filhote. Re-aprendi.

Perfeito, nem Papai Noel, quem dirá esse Pai Mala aqui. Mas finalizo reafirmando que a busca em ser um bom pai é a estrada mais que perfeita para estabelecermos a ponte entre nossos corações. E nessa busca, com acertos e derrapadas, a gente tem se dado bem, obrigado, afinal, tem que ser muito maluco para não aproveitar cada momento deste lindo, mágico e tocante momento que é a paternidade.

 

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