Quando abraçamos um filho ou olhamos para alguém com a doçura de um brigadeiro, estamos escolhendo o caminho do amor. Ao encorajar, ao estar ao lado nas situações penosas, ao acolher a dor do outro: estamos amando.
Amar é silenciar ao lado de quem se quer bem, abrir mão de uma opinião para garantir um momento de serenidade. Do outro.
Amar tem muito a ver com o outro. Por isso, talvez, a gente tenha certa dificuldade de entender isso tudo. O “outro” ama diferente da gente. E isso muda tudo. Porque quando amamos, não podemos esperar o mesmo de volta. Temos de esperar o amor do outro como retorno.
A paternidade (e a maternidade) é a melhor oportunidade que temos para deixar brotar o amor. E, também, o maior exercício que podemos fazer para entender o outro.
Porque amar um filho “ideal” é para qualquer um. Não faz manha, nem cólica teve, febre uma vez só, nem lembro quando. Esse, qualquer um ama.
O desafio é amar o que repetiu de ano, o que te tira do sério a cada 15 minutos, o que se atira no chão do supermercado. Aos berros. O que atira o prato de sopinha na tua cara.
Desafio maior é entender que todos precisam de amor: o “perfeito” e o “imperfeito”. Muitas vezes o filho ideal é amado de mais porque não dá trabalho. Alerta! TODOS precisam de atenção, afeto, amor, de algumas horas de exclusividade.
Não espere esse amor de volta o todo tempo. Nosso papel é de fazer florescer. Somos catalisadores.
Amar é doação. Por isso algumas pessoas não conseguem. Porque seus egoísmos não permitem. Não é incomum. Mas é triste.
Sempre consegui. Meu egoísmo atua em outra área. Mexe no meu pote de Nutella para ver o que te acontece.
A equação não é das mais simples, nem poderia. Mas o fato é que a mágica acontece quando entendemos a soma amor + doação + generosidade = uma vida transformada.
Nosso papel como pais é justamente esse. Veja bem, nascem desamparados. Sem cuidados, não se mantém. Sem colo, sem toque, sem pele, padecem. Ser pai é uma escolha e com ela, muitas responsabilidades. Não é para amador. Apesar de precisar amar um pouco a dor porque ela vem junto.
Entender a potência desse amor é entender nosso papel de pai.
Nossa ausência (e do amor) machuca, fere, transforma da pior forma possível. Nossa presença faz florescer. Jardim, parque, floresta. A dose faz a diferença. Desde que não falte, quanto maior, mais salva. Nada de homeopatia. Que venha em doses cavalares. Viva a “amopatia”!
Sim, fala-se muito em amar, mas será que se entende mesmo as consequências desse ato? Basta olhar para onde ele não exista. Os resultados são chocantes, e por isso mesmo, didáticos. Jardim sem rega não vinga.
Só o amor salva.