Tudo muda com a adolescência e o tamanho é o que menos importa.
O sono aumenta, mas o tempo acordado é muito mais vibrante.
O colo do pai deixa de ter poder anestésico. Ao menos temporariamente e até o primeiro aperto maior.
As piadas da mãe nunca foram tão sem graça, que mico, para!
Os programas em família, os mesmos de sempre, já foram, ele jura, mais bacanas.
O celular já foi menos importante, a rua do condomínio mais convidativa.
O humor já oscilou menos, nunca teve esse sabor de bolo abatumado.
Já houve menos pedras no caminho.
Há pais que levam para o lado ruim. Acreditam que é contra si. Bobagem. É a favor deles próprios.
Ruptura necessária. Tem até nome, palavra cruel: individuação.
Porque por mais que lutemos contra, eles saem do berço e se transformam em indivíduos. Com passos próprios e até barba na cara. Verdadeiro corte do cordão.
Meu coração só sossega porque todos livros me garantem que, ao soltar a corda, eles voltam com o tempo.
Amor intacto. Sentimento preservado.
Veja bem, literatura especializada, estou te entregando meu bebê. Cuida bem dele. Sei que vou reconhecê-lo em breve.