Dia dos Pais passou, e agora?

O domingo foi lindo. Recebemos o cartão feito à mão com o desenho que vamos guardar para sempre. Com sorte, tivemos café da manhã especial preparado para nós. Ganhamos abraços demorados e a possibilidade de comemorar ao lado dos nossos filhos. Um dia solar qualquer que tenha sido o tempo lá fora.

Quando vira a folhinha, vem a segunda-feira, e para muitos homens a fantasia de papai volta ao armário para ser usada em alguns finais de semana ou quem sabe em fotogênicos registros para as redes sociais. Com certeza, estará limpinha para o próximo segundo domingo de agosto, quando serão chamados de “paizão” e receberão abraços apaixonados diante de olhares constrangidos de quem sabe a verdade. Porque se tem frase boa que aprendi nos últimos tempos é essa: “quem é de verdade, sabe quem é de mentira”.

Não está em manual algum uma das verdades mais cruéis da paternidade no Brasil: herança vergonhosa do machismo, o homem se permite escolher assumir ou não seu filho após tê-lo concebido.

Resultado disso é o número imenso de mães solo no país: cerca de 30%, ou seja, mais de 20 milhões de mães criam seus filhos sem a presença do pai. Quase 6 milhões de crianças não têm o nome do pai no registro civil. Isso sem contar os pais que estão dentro de casa mas flanam à parte da criação dos filhos.

Confesso que esse cenário me machuca. Ele é uma das razões de defender diariamente a paternidade. Sinto-me como um farol numa ilha distante para estes homens, mas estou sempre aqui a sinalizar. Ser pai é o melhor papel da vida de um homem. Nos transforma profundamente. Abre as portas para vivências únicas. Reais e verdadeiras. Sabe quando dizem que da vida só levamos o que importa? Então, é disso que estou falando.

É claro que o homem que decide não ser pai tem todo meu respeito. Estou falando do homem que já é pai e decide não assumir sua cria. É para este homem que fica o meu recado: os caras que somem da vida de seus filhos são os piores perdedores. Um dia irão perceber (ou não) e será muito tarde. Eles arranham o coração de seus filhos para sempre. Não seja esse cara.

Texto: @pai_mala originalmente publicado na minha coluna “Fora dos Manuais” da Revista Pais&Filhos

Deixe uma resposta