Não aguento mais ficar em casa e ver meus filhos longe da vida lá fora.
Ontem, lavei uma embalagem de guardanapos e tive vontade de mandar tudo longe. A merda, na verdade.
Nas raras vezes em que saio de casa, me bate um desespero ao ver tantas máscaras no queixo. Outras penduradas. E tantos mascarados de alma sem nada no rosto. E me sinto um trouxa, apesar de saber que o certo sou eu.
Dia desses, tive que desligar a aula online do caçula simplesmente porque ele começou a chorar copiosamente e vi que, naquele momento, havia se transformado numa tortura para ele. Porque eles também cansam.
Reconheço no olhar da minha esposa o limite chegando. E ela é meu exemplo de serenidade.
Respira. Inspira. Expira.
E vem o amanhecer. Todos os dias. Igualzinho. Para me mostrar que a vida se faz presente a cada despertar. Para cada suspiro de cansaço, vem o sopro da vida me escancarar a oportunidade que me é dada. A cada segundo. A cada instante. A vida pulsa nos detalhes. E é neles que me abraço com a força de um titã para seguir navegando.
Se meu maior problema é ficar em casa, a realidade é que tenho problema algum.
Mas cansa. E tudo bem.
Amanhã, amém, tem mais.