Após algumas horas de choro, declarou: sou a pior mãe do mundo.
Estava quase acreditando em si mesma quando nossas mensagens se cruzaram.
Como pode uma mulher com três filhos, tarefas de casa, demandas de trabalho e cheia de dúvidas sobre o dia de amanhã ainda ter tempo para sentir tanta CULPA?
A primeira coisa que pude dizer para ela é que não há, neste momento, espaço algum para culpa.
Todos nós, eu, tu e ela, a “pior mãe do mundo”, estamos fazendo nosso melhor. E mais do que isso, estamos fazendo o que podemos com os recursos (inclusive emocionais) que dispomos.
Mais do que nunca (e tenho usado essa expressão a todo tempo) estamos um pouco à deriva, sim.
Quando nos tornamos pais e mães, adquirimos a convicção de que teremos controle, pura invenção da nossa cachola. E a falta dele gera a tal da culpa. Imagina agora, em que a falta de domínio é esfregada na nossa cara a cada 30 minutos, como fosse um relógio suíço impecavelmente pontual.
Não posso dizer muito mais do que isso. Sigo com algumas madrugadas insones e com uma dose extra de angústia. Mas, uma ficha caiu: NÃO ME CULPAREI pelas limitações que o período impõe. O corona que assuma a sua culpa. E eu, assumirei minha responsabilidade por manter minha nau no rumo possível. No ritmo que der neste mar de ondas incertas.
Minha amiga, sim, tu, a pior mãe do mundo, escuta: imagino que assim como tu, muitas mulheres e alguns homens estão nessa disputa inglória, a de vencer o título de pior alguma coisa nestes dias. Então relaxa, com tanta louça para lavar, tarefas da escola para fazer, home office no meio da sala para dar conta, dezenas de pacotes do supermercado para esterilizar, ninguém vai ganhar essa corrida. O prêmio ficará sem dono.
Para encerrar nossa conversa, me disse, ainda, que sente mal por estar cansada. Dá vontade de chorar junto, não dá?
Queridos leitores e leitoras: minha amiga lerá esse texto e os comentários. Me ajudem. O QUE VOCÊS DIRIAM PARA ELA?
Juntos, podemos nos ajudar.