Você já ouviu falar em “paternidade ativa”? Eu também, infelizmente.

Recentemente fui chamado pra dar duas palestras sobre paternidade e fiquei pensando o que eu tenho para contar de tão legal que outros pais não tenham pra contar.

O que me faria um bom pai, e portanto, me habilitaria para uma palestra, não deve ser nada de especial, mas desconfio que seja o fato de eu me repensar, de questionar as minhas ações e parar para pensar sobre a minha paternidade. Parece pouco, mas nos dias de hoje isso é muito. Repensar as nossas atitudes, olhar para o nosso filho e nos colocar no lugar dele é mais do que empatia, é responsabilidade, é amor, é demonstração ativa de afeto.

Eu não curto o termo paternidade ativa, muito usada nas redes sociais por pais que são pais de verdade e não fogem do seu compromisso, pais que fazem o óbvio: amar, cuidar e proteger seus filhos. Eu não gosto desse termo porque eu nunca ouvi falar em “maternidade ativa”.

Existe maternidade e ponto final. Ninguém fala em maternidade ativa assim como não deveríamos falar em paternidade ativa. Eu sou pai, eu tenho um filho e isso já deveria significar um universo de coisas boas. Ao contrário, hoje, muitas vezes, significa eu sou pai e não pago pensão, eu sou pai e não sei quando meu filho tem prova, eu sou pai e não brinco com ele, eu sou pai mas estou cagando pra família. Essa postura só reforça minha perspectiva sobre a tal paternidade ativa. Esse adjetivo passa uma sensação fictícia de que a paternidade é uma escolha. Ativa ou passiva, inativa (??) do tipo, “ah, vou ser uma pai passivo e tá tudo certo”.

Dia desses, estava falando com uma amiga que me contou sobre o pai do filho: não só não assumiu o filho como acabou se mudando de estado com outra mulher. Cada um sabe da sua vida, mas eu já me importaria de morar em um bairro diferente do meu filho. Cada um tem a sua história de vida e eu não estou aqui para julgar o que é certo e o que é errado, mas não me venham com o termo paternidade ativa. Te separou? Beleza, mas segues pai. Te mudou por causa do trabalho? Beleza, mas teu filhote ainda quer teu amor. Odeia tua ex? Tô nem ai, teu filho ama vocês dois.

O que deve existir é paternidade e ponto final assim como existe a maternidade e ponto final.

Talvez eu possa inspirar alguns pais (e mães) nessas palestras por acreditar que a paternidade (e a maternidade) são uma escolha antes da gravidez. Depois, nosso coração é invadido e nunca deveríamos fazer mal a nossos filhos.

Esses caras que somem da vida de seus filhos são os piores perdedores. Um dia irão perceber (ou não) e será muito tarde.

Esses caras arranham o coração do seu filho para sempre. 

Não seja esse cara.

 

 

Um comentário em “Você já ouviu falar em “paternidade ativa”? Eu também, infelizmente.

  1. Gostei do seu comentário ! São obervações assim pequenas no cotidiano que fortalece uma forte amizade na vida adulta . E acho também que o pai que não for participativo irá lamentar um dia .

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