Não, obrigado.

O que mais tenho escutado é: “saí de vários grupos de whats para ter paz”. Pois bem, talvez você não saiba, mas isso tem tudo a ver com paternidade.

Logo que o Gianluca nasceu, não vou mentir, me preocupava com o que pensavam sobre minha atuação como pai. Procurávamos a aprovação da família, dos vizinhos e até daquela senhora com a qual cruzamos no supermercado e nunca mais veríamos na vida.

Não bastava ser um pai amoroso e presente. Tinha que parecer bom pai e receber o aval de absolutos estranhos que sorriam com cumplicidade ao reconhecer meu valor.

Saí desse grupo. Para sempre, nem adianta mandar link com convite porque não me importa mais a opinião do mundo sobre como educo meus filhos, e isso é mais libertador do que sair de 9 grupos de whats no mesmo dia!

Garanto: identificar as opiniões que vão te ajudar de verdade e silenciar as demais amplia tua paternidade (e maternidade, claro). Tomar as rédeas do amor pelos filhos parece simples, mas não é. Requer coragem para dizer “não, obrigado”. Mas, ironicamente, é justamente esse novo papel da tua vida que te dá essa possibilidade.

Deixei de ser o caçula, o novato, o namorado ou o marido, e passei a ser a referência para alguém. Uma vidinha que cabe na palma da minha mão me deu a força necessária para ter convicções e tomar decisões inéditas.

Mas leva um tempo. E quando chega a hora a gente sabe. E é bom. Estufei o peito, filho no colo e me afastei do que não me servia. E estava assustadoramente livre.

E não tem volta. Que bom. Porque só fica melhor.

Abre espaço, inclusive, para o erro. E o perdão. Também para o auto-perdão. E, olha que mágico, para acertar na próxima vez.

Uns chamam de maturidade, outros de sabedoria. Eu não tenho nome pra isso, mas defino como o momento em que começamos a confiar em nós mesmos. E em nosso coração.

Vale para a paternidade, para os grupos nas redes e, pasmem, para a vida. “Não, obrigado” liberta.

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